LIVRO DIDÁTICO DE MATEMÁTICA DE ESCOLA TEUTO-BRASILEIRA: CONSIDERAÇÕES SOBRE A OBRA DE FERDINAND HACKBART, KONRAD GLAU E HERMANN LANGE DE 1906
DOI:
10.47976/RBHM2010v10n20173-192Palavras-chave:
matemática, livro didático, escola teuto-brasileiraResumo
Neste artigo, apresentam-se considerações sobre o 2º volume do livro didático de matemática para escolas alemãs na região de Blumenau (SC), intitulado “Rechenbuch für deutsch-brasilianische Volksschulen” de autoria de Ferdinand Hackbart, Konrad Glau e Hermann Lange, publicado em 1906 pela Editora Arthur Koehler. O livro escrito em alemão, em letras góticas, com 80 páginas, está dividido em duas partes, com 968 exercícios, utilizando-se de operações com números inteiros positivos e racionais nas formas decimal e fracionária e problemas envolvendo sistemas de medidas e relacionados às atividades diárias da colônia alemã nesta região. Esse 2º volume era destinado aos estudantes dos 3º e 4º graus do ensino primário. A primeira parte destinava-se ao 3º grau e a segunda, ao 4º grau. A partir da página 54, possivelmente complementar da segunda parte, há diversos problemas envolvendo medidas, juros e porcentagens, datas históricas e comemorativas, algarismos romanos, tabuadas e imagens de unidades de medidas de massa, capacidade e monetária. Segundo os autores, o livro é resultado de práticas de sala de aula e ainda, como afirmam no prefácio: Não traz nada supérfluo, contém no entanto, material suficiente para que assim o professor possa fazer uma seleção conforme a necessidade; as tarefas foram colocadas de maneira fácil e compreensível; o preço é consideravelmente mais baixo do que quaisquer livros de aritmética editados. Para tecer considerações sobre esta especial obra e compreender a concepção de nsino de matemática dos autores, procurou-se inteirar de todo o texto e identificar questões ou tratamentos matemáticos singulares. Na seqüência, para ilustrar, elegeu-se uma amostragem de 41 exercícios, traduzindo-os para o português e como referência de concepção de ensino de matemática foram utilizados os Parâmetros Curriculares Nacionais (1997). Os exemplos sugerem que
os autores entendiam que a aprendizagem dos estudantes dependia da contextualização, para que os conceitos e definições matemáticas fizessem sentido a eles; da memorização, na utilização de tabuas numéricas e na repetição constante de tabuadas até o número vinte, por exemplos; da explicitação oral antes da escrita, individualmente, a cada assunto matemático; da quantidade de exercícios, quanto mais exercícios se faz, quanto maior o treino, melhor a habilidade e da conexão entre a matemática e os diferentes temas para os estudantes terem habilidades em utilizá-la. Pode-se concluir que a concepção de ensino de matemática dos autores dessa obra publicada em 1906 continua sendo a mesma indicada nos Parâmetros Curriculares Nacionais de 1997, vigente nos dias atuais: a de proporcionar ao estudante das primeiras séries do Ensino Fundamental saber “relacionar observações do mundo real com representações e relacionar essas representações com princípios e conceitos matemáticos” para que ele possa ter “competências básicas necessárias ao cidadão [...]” (PCNs, 1997: 15-17).
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Referências
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